sábado, 2 de abril de 2011

Onde a dor não tem razão

Ao telefone com vovó:
-Vó, que saudade de você! Vem aqui para Lavras, passar uns dias...
-Não posso, minha filha. Não tô bem não... Ando com muita dor, muita dor mesmo.
- Nossa, vó! O que a senhora tem? Dor aonde?
-Peraí só um pouquinho.
(gritando)
-Manoel!!!! Onde é que eu estou com dor mesmo?

Céu que desaba


Coelita olhando amedrontada para o céu:
-Ai, gente! Eu tenho um medo disso!
-Que foi, vó?
-Santíssimo! Não consigo nem olhar... Medo demais!
-Medo do quê, vó?
- Desses trem grande aí, caírem na cabeça da gente...
-Vó! Mas isso é nuvem! Não cai na cabeça de ninguém!
- Claro que cai! Outro dia, caiu na cabeça de uma amigona minha, e ela quase morreu

Entendi, vó. Entendi.

Meia bunda

-Ô bijudu, tampa essa bunda aí.
-Que isso, Coeli, isso não é bunda não. São meus peitos... -Responde constrangida, a cuidadora decotada.
-Ah, me desculpe, mas isso é uma meia bunda sim!!!!!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Em defesa

Vovó sempre nos defendia.
Um dia, eu e Silvinha, minha irmã mais velha, fomos a um supermercado lá pertinho da casa dela, onde fomos muito mal tratadas pela atendente. Voltamos para casa chateadíssimas e vovó não pensou duas vezes: tomou-nos pela mão e rapidamente tratou de tirar satisfação com a tal mulher.

Hoje, Coelita está indo embora. E eu não posso defendê-la disso.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sobre o mal:

"O Mal de Alzheimer, ou Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é a forma mais comum de demência. Esta doença degenerativa, até o momento incurável e terminal foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. Esta doença comete geralmente pessoas acima de 65 anos, embora seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas do que esta idade.
Em 2006 o número de portadores de Alzheimer diagnosticados era cerca de 26.6 milhões de pessoas no mundo inteiro.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única mas existem pontos em comum, por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes os primeiros sintomas como o que atrás referi são confundidos com problemas de idade ou de stress. Quando é suspeitado alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer. Antes de se tornar totalmente aparente o alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se invisível durante anos. Menos de três por cento dos diagnosticados vivem mais de 40 anos depois do diagnóstico."

Milton Nascimento

Ela, na maior intimidade, mesmo sem te conhecer direito, diria assim:
Vem cá, eu já contei procê o caso do Milton Nascimento?
Uai, eu nunca te contei não?
Tava eu em Belo Horizonte, lá no Cine Acaiaca e de repente, quem que eu encontro?

Milton Nascimento! No duro!
Eu fiquei olhando ele assim de longe, sem saber se eu falava com ele, mas aí eu não aguentei:

-Você que é o Milton Nascimento?
-Não, minha senhora, sou o primo dele!

-Ô, gente!... Então a família toda é feia...

Muito Prazer!

E assim ela se apresentava sempre:

Meu nome é Coeli de Souza Novaes, aquela que caga muito e peida demais!

Sobre o blog:


Este blog surge como um ensaio aberto de uma quase-peça sobre minha avó (que também é uma peça).
Ano passado apresentei algumas vezes uma esquete sobre ela, onde eu contava alguns de seus peculiares casos.
Daí surgiu a idéia de deixar registrado aqui alguns desses famosos episódios de sua vida e também informar sobre sua atual doença.
Ela tem mal de alzheimer e por este motivo calou-se.
Mas eu estou aqui. E nunca é tarde para conhecer Coelita.